Quando consideramos a tomada de decisão de um gestor na contratação de um colaborador, sempre pensamos na metodologia explícita e objetiva de avaliação dos profissionais: entrevistas por competências, definição de perfis profissionais, formação acadêmica, resultados alcançados, cases de sucesso, e por aí vai, a lista é longa e complexa.

Porém, pouco paramos para considerar, aspectos subjetivos e inconscientes que podem influenciar uma decisão de contratação, e é sobre esse tema que o presente artigo irá dissertar.

Como o relacionamento entre candidato e entrevistador é estabelecido?

Sabe-se que em um momento de avaliação de candidatos, será estabelecido um relacionamento entre as partes envolvidas – entrevistador e entrevistado – e que esse, como qualquer outro relacionamento, está sujeito às dinâmicas e mecanismos de defesa inconscientes, como: espelhamento, idealização e projeção de sombra e luz.

E como essas dinâmicas aparecem no momento da entrevista? Vamos citar alguns exemplos, e iremos orientar os profissionais que estão em busca de uma recolocação sobre como lidar com essas dinâmicas em uma entrevista.

O espelhamento e a idealização na entrevista

O espelhamento acontece quando o entrevistador projeta em seu entrevistado suas características, de forma realista (apenas espelhamento) ou acompanhada de uma percepção idealizada de sí mesmo, e depois projetada no entrevistado (idealização + espelhamento).

Esse mecanismo pode acontecer entre a personalidade do entrevistador e entrevistado, como também pode ocorrer entre a “personalidade” da empresa, versus do entrevistado. As empresas possuem personalidades, identidades, diferentes. Por exemplo, algumas delas são mais sociáveis e outras mais reservadas.

Mas, além de se encaixar na empresa, os candidatos devem atrair os próprios entrevistadores. Os entrevistadores inconscientemente tomam decisões de contratação, baseados em uma avaliação sobre a qualidade de tempo que poderiam passar ou não com o profissional entrevistado – o entrevistador (principalmente os gestores diretos), conseguiria passar um tempo de qualidade ao lado desse profissional, como em uma viagem a trabalho, após o expediente, ambos poderiam sair para jantar e desfrutar da companhia um do outros como bons colegas de trabalho? Isso também influencia muito uma decisão de contratação.

A projeção e a idealização na entrevista

Outra dinâmica inconsciente que influencia uma contratação é a Idealização em conjunto com a Projeção. O entrevistador idealiza a si próprio em suas habilidades, e inconscientemente julga que sua biografia ou escolhas pessoais sejam um termômetro de mérito profissional, tendo preferências por profissionais que tenham uma história de vida e carreira semelhante.

Entrevistadores que se formaram em física, por exemplo, poderiam favorecer graduados em física, devido à sua formação analítica.

Como essas dinâmicas impactam as empresas?

Mais problemático do que potencialmente descartar bons profissionais que sejam diferentes de um entrevistador médio, as empresas estão abrindo mão do conceito de diversidade de ideias.

Claro que ser simpático, comunicativo e educado é importante – o profissional no dia a dia de trabalho, precisa interagir com clientes e engajar profissionais para projetos e atividades internas, porém, existem outras formas de o profissional a) ser simpático,  b) ser socialmente hábil c) ser educado, sem precisar ser um espelho de seu gestor ou da empresa.

A diversidade dentro de uma empresa – seja ela demográfica ou em termos de composição de personalidades diversas – tem enormes benefícios para a eficiência de um negócio: ajuda os times a tomar melhores decisões, aumenta a motivação e a criatividade no relacionamento de negócios.

Como o candidato pode se preparar para uma entrevista?

Nós da driverh, recomendamos que todos os profissionais busquem por informações disponibilizadas pelo entrevistador a respeito de si mesmo, e demonstrem e respondam de forma autentica a essas similaridades no momento da entrevista, porém sem mentir e forçar uma situação de espelhamento inexistente.

Como os entrevistadores devem se preparar?

Para concluir, enfatizamos a necessidade de se disponibilizar treinamentos para os gestores e entrevistadores dentro das empresas, tudo isso com o objetivo de tornar o momento da entrevista, o mais consciente possível.

Para que fique claro: não é errado contratar um profissional por afinidades, afinal, nenhum gestor é obrigado a ter um time que não tem entrosamento com sua própria gestão e personalidade, mas, é necessário que os gestores estejam atentos para essas dinâmicas que possam ocorrer em uma tomada de decisão de contratação, pois o mesmo pode decidir conscientemente a construir um time mais diverso, rico e dinâmico.

Sem contar na diminuição da probabilidade de contratações baseadas em apenas afinidade  – o que traria prejuízos consideráveis para a empresa, para o próprio gestor e para a equipe.


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